
Quantas vezes você optou pelo mais barato e depois se arrependeu? Por exemplo, quando precisa comprar a mesma coisa diversas vezes porque quebrou, não entregou o que prometia, ou porque o sabor era diferente do esperado. Ou ainda, quando paga por um serviço mais barato e não recebe o que esperava. Esse é o famoso “barato que sai caro”, uma situação em que uma decisão aparentemente econômica, resulta em prejuízos ou custos maiores a longo prazo.
Vivemos em uma era de decisões críticas para o futuro da economia e do planeta. O debate sobre energia, combustíveis e sustentabilidade muitas vezes se concentra no preço, mas pouco se fala sobre o valor. E essa diferença é crucial.
O preço é o que se paga por um produto no momento da compra. O valor, por outro lado, representa o impacto dessa escolha no longo prazo. No setor de combustíveis, essa distinção é ainda mais evidente.
Mas afinal, o que o preço do biodiesel versus seu valor é capaz de gerar?
Quando se discute o biodiesel, um dos argumentos mais comuns é o custo imediato do litro em comparação ao diesel fóssil. Mas essa visão ignora os benefícios estruturais que o setor do biocombustível proporciona ao Brasil. O que o biodiesel entrega vai muito além do que se vê:
Redução no preço dos alimentos: A produção de biodiesel impulsiona a oferta de farelo de soja, um dos principais insumos da cadeia de proteína animal. Isso reduz o custo da ração, garantindo uma economia de R$ 3,5 bilhões nas despesas com proteínas animais. Esse impacto se reflete diretamente nos preços das carnes, leites e ovos nos supermercados.
Independência energética e estabilidade econômica: O Brasil importa mais de 20% do diesel fóssil, o que nos torna vulneráveis a crises internacionais e oscilações cambiais. Quanto mais biodiesel usamos, menos dependemos de importações e mais fortalecemos nossa economia interna. Com a adoção de 25% de biodiesel prevista para 2035, estima-se uma economia de US$ 10 bilhões na balança comercial. Além disso, cada R$ 1 investido em biodiesel impacta R$ 4,4 na economia brasileira. Esse efeito multiplicador gera valor para diferentes segmentos da cadeia produtiva.
Geração de empregos e desenvolvimento social: A cada 1% de aumento na mistura de biodiesel equivale à criação de aproximadamente 34 mil novos postos de trabalho, reforçando o papel do setor como um motor de desenvolvimento econômico e social. Além disso, mais de 300 mil agricultores familiares são beneficiados pelo programa de biodiesel.
Saúde pública e qualidade de vida: O diesel é um dos principais responsáveis por doenças respiratórias nas grandes cidades. A poluição atmosférica gerada pelos combustíveis fósseis está associada a problemas como asma, câncer de pulmão e doenças cardiovasculares. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 50 mil mortes são causadas por ano no Brasil devido a poluição no ar. Além das mortes, as internações públicas custaram aproximadamente R$ 130 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos 5 anos. O biodiesel reduz significativamente as emissões de gases poluentes, melhora a qualidade do ar e diminui custos com saúde pública.
Combate às mudanças climáticas: O custo econômico anual de eventos climáticos extremos tem ultrapassado US$ 300 bilhões no mundo. O biodiesel reduz mais de 80% as emissões de CO₂ em comparação ao diesel. Essa redução impacta diretamente o agravamento dos eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e chuvas torrenciais. A crise climática não é uma ameaça distante – é uma realidade. Cada tonelada de CO₂ evitada faz diferença.
E agora eu pergunto: Quanto custa não usar biodiesel? Precisamos olhar além do preço e reconhecer o valor real das escolhas que fazemos hoje.