Edição de July de 2025

Mensagem de Liderança

É com satisfação que apresentamos a segunda edição do Radar Binatural, ainda mais com a recente oficialização do B15. Seguimos firmes no nosso compromisso de promover conhecimento estratégico, ampliar o debate sobre a transição energética e destacar o papel do biodiesel como vetor de impacto positivo. Boa leitura!

André Lavor

André Lavor

O B100 chegou. E agora? O que aprendemos com quem já roda com biodiesel puro

Parceria inaugura uma das primeiras rotas 100% sustentáveis do Brasil e aponta caminhos viáveis para a descarbonização logística no país.

Na prática, poucas coisas falam tão alto quanto um caminhão na estrada. E quando esse caminhão é abastecido exclusivamente com biodiesel puro (B100), transportando insumos recicláveis para a produção de mais biodiesel, o que se tem não é apenas logística — é um ciclo virtuoso em movimento.

Esse é o caso da parceria pioneira entre a Binatural e a Catto Transportes, empresa de soluções logísticas com atuação nacional. Juntas, elas estão operando uma das primeiras rotas 100% sustentáveis do país, unindo descarbonização, economia circular e eficiência operacional em uma mesma iniciativa.

A rota, localizada no interior de Goiás, utiliza um caminhão DAF XF 530 abastecido 100% com biodiesel (B100) para transportar exclusivamente matérias-primas recicláveis utilizadas na fabricação do biocombustível. O veículo opera com alta performance utilizando exclusivamente biodiesel, sem mistura com diesel fóssil, o que reduz em 90% a emissão de CO₂ no trajeto.

Mas o impacto vai além da redução de emissões. O projeto também representa uma mudança de paradigma para o transporte de cargas no Brasil, tradicionalmente dependente de combustíveis fósseis. “Criamos um dos primeiros trajetos 100% sustentáveis do país. É possível fazer mais e melhor com inovação, eficiência e compromisso com o futuro”, destaca André Lavor, CEO e cofundador da Binatural.

Um novo modelo logístico: técnico, viável e replicável

A experiência com o B100 revelou resultados positivos tanto no desempenho do veículo quanto nos aspectos operacionais e de manutenção. Segundo Michel Catto, diretor comercial da Catto Transportes, o caminhão se adaptou bem à nova matriz energética, com desempenho dentro dos padrões esperados e ajustes mínimos no sistema de injeção e filtragem.

“É um projeto estratégico que prova que é possível aliar eficiência logística à preservação ambiental. Isso vai muito além de uma operação pontual, é uma nova mentalidade no transporte rodoviário de cargas”, afirma.

A consolidação do biodiesel como solução efetiva para a descarbonização da matriz de transportes ainda gera debates a respeito da qualidade e possíveis impacto por parte de quem não conhece o setor em profundidade. A indústria do biodiesel é uma das mais reguladas do Brasil, contando com 24 ensaios técnicos de qualidade, em comparação aos apenas 8 exigidos para gasolina e diesel.

Este processo minimiza as variações e significa que se qualquer um dos ensaios falhar, o lote não pode ser vendido, assegurando que só combustíveis que atendam a critérios rigorosos cheguem ao consumidor final.

No entanto, as práticas de armazenamento e manuseio devem ser rigorosamente adequadas, não só nas usinas, mas também nas distribuidoras e postos de combustíveis, uma vez que a absorção de água é uma característica inerente ao biodiesel. As transportadoras precisam estar atentas à limpeza de tanques e ao controle da cadeia como um todo. Especialistas já constataram que muitos dos problemas relatados estão mais relacionados ao armazenamento inadequado ou à mistura incorreta com diesel fóssil, e não a falhas na produção do biodiesel.

Para que esse avanço se concretize, no entanto, é preciso mais do que inovação empresarial. Marco regulatório, incentivos fiscais, segurança de fornecimento e clareza na política energética nacional serão fatores determinantes para ampliar o uso do B100 no país.

Enquanto o debate regulatório avança, a experiência da Binatural e da Catto Transportes oferece um exemplo concreto de que a transição energética no setor de transportes já começou e pode ser conduzida com base em tecnologia nacional, parcerias estratégicas e compromisso ambiental real.

O futuro do biodiesel frente à COP30: o que esperar do Brasil na liderança da transição energética?

Com uma matriz de energia já majoritariamente renovável, o Brasil pode liderar a transição global ao articular iniciativas de desenvolvimento econômico, inclusão social e descarbonização.

A realização da COP30, na Amazônia brasileira, em novembro, não será apenas simbólica. Trata-se de um momento geopolítico decisivo, em que o Brasil terá a oportunidade e a responsabilidade de liderar o redesenho da transição energética global sob uma perspectiva de justiça climática. Nesse cenário, a ampliação do papel do biodiesel na matriz energética emerge não como uma possibilidade, mas como uma necessidade estratégica.

A discussão sobre descarbonização é inseparável de uma abordagem que contemple o enfrentamento aos desequilíbrios estruturais entre países, regiões e classes sociais. O Brasil, enquanto potência energética, reúne características únicas: abundância de biomassa, infraestrutura produtiva instalada, políticas públicas consolidadas, a exemplo do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), e, sobretudo, um modelo de produção que já incorpora critérios de inclusão social por meio do Selo Biocombustível Social. O biodiesel é, nesse sentido, uma tecnologia madura, escalável e inclusiva.

Na revisão mais recente de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), compromissos assumidos sob o Acordo de Paris, o Brasil reafirmou sua meta de reduzir as emissões de gases de 59% a 67% até 2035. Para isso, será necessário alavancar instrumentos já em curso e acelerar as entregas no curto prazo. O biodiesel, com seu histórico de resultados concretos e potentes, é um desses instrumentos.

Resultados concretos

Desde a regulamentação do setor em 2005, a produção acumulada de biodiesel no Brasil ultrapassou 77 bilhões de litros, com redução estimada de mais de 240 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes, segundo o Ministério de Minas e Energia. Mais do que números, esses resultados apontam um caminho: a transição energética precisa começar onde a infraestrutura já existe e os benefícios extrapolam a lógica da matriz elétrica.

A evolução da mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil é, hoje, o ponto mais imediato de impacto ambiental, social e econômico. Anunciado pelo Governo no último 25 de junho, o B15 entrará em vigor no dia 1º de agosto. E os impactos positivos serão imediatos. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o aumento de 1% na mistura reduzirá a emissão de 1,2 milhão de toneladas de CO₂ equivalente por ano.

Além disso, o avanço da mistura gera externalidades positivas importantes: mobiliza a indústria nacional, estimula a inovação em novas matérias-primas, fortalece o elo com a agricultura familiar e reduz a dependência de diesel importado.

À medida que a geopolítica do clima se refina, critérios como rastreabilidade, governança e impacto social deixam de ser diferenciais para se tornarem exigências regulatórias e reputacionais. O setor de biodiesel tem se preparado para essa realidade. A Binatural, por exemplo, desenvolve cadeias de valor baseadas em resíduos agroindustriais — como a casca do baru e o coco de piaçava — e opera com logística movida a B100 (biodiesel puro).


A COP30 e o reposicionamento do Brasil no mundo

Com a chegada da COP30, o Brasil precisa não apenas defender metas, mas apresentar caminhos que já estejam em curso. O biodiesel é um desses caminhos. O país pode se consolidar como referência mundial em soluções de baixo carbono com impacto socioeconômico direto.

Em um mundo em que a credibilidade climática passa a ser critério de acesso a financiamento, acordos comerciais e reputação global, o setor de biodiesel brasileiro tem a chance de se posicionar como exemplo de transição energética justa. Mas para isso, será preciso garantir previsibilidade regulatória, estímulo à inovação e valorização do impacto socioambiental como ativo competitivo.

É hora de aproveitar esse momento em que todos os olhos estarão voltados ao Brasil para demonstrar o que o biodiesel já faz pelo país e o que a produção brasileira pode fazer também pelo mundo.

Oficialização do B15 impulsiona setor de biocombustíveis e fortalece compromisso do país com a transição energética

Aumento na mistura deve gerar investimentos de R$ 5,2 bilhões em novas usinas e esmagadoras de soja e promover um aumento de massa salarial de R$ 17 milhões.

A oficialização do aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil para 15% (B15), anunciada pelo governo federal, representou um marco histórico para a agenda energética brasileira. Para a Binatural, uma das maiores produtoras de biodiesel do país, a medida consolida um novo ciclo de oportunidades para o setor.

“O aumento da mistura de biodiesel representa ganhos ambientais, sociais e econômicos para o país. Estamos falando de descarbonização, geração de empregos e mais renda para os agricultores familiares. Além disso, é mais um passo para a redução da dependência brasileira em relação à importação do diesel fóssil”, afirma André Lavor, CEO e cofundador da Binatural.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o aumento na mistura deve gerar mais de 4 mil empregos, entre diretos e indiretos. Além disso, mais de 5 mil novas famílias de agricultores familiares devem ser beneficiadas no programa Selo Biocombustível Social, com um aumento de renda estimado em R$ 600 milhões. O governo também espera uma redução de 1,2 milhão de toneladas de CO² emitidas por ano.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o setor possui hoje capacidade instalada para atender a uma mistura de até 20% de biodiesel (B20), sem comprometer o abastecimento. A adoção do B15 reforça o compromisso brasileiro com sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), conforme o Acordo de Paris, e com a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Para a Binatural, o anúncio reforça a necessidade de previsibilidade regulatória e de um calendário claro de evolução da mistura até o B25 em 2030, como forma de garantir estabilidade aos investidores e segurança à cadeia produtiva.

“O B15 é uma conquista coletiva, mas também um ponto de partida. O biodiesel representa uma das principais ferramentas que o Brasil tem para descarbonizar sua matriz energética sem perder soberania, nem competitividade. Nosso setor está pronto para crescer junto com o país, de forma responsável e com impacto real na vida das pessoas”, complementa Lavor.

Educação energética que transforma: o que as escolas (ainda) não ensinam sobre biodiesel

Enquanto as mudanças climáticas já ocupam espaço nos currículos escolares, o ensino sobre biocombustíveis segue restrito, mas algumas iniciativas começam a mudar esse cenário.

A crise climática, seus impactos e a necessidade de soluções sustentáveis são temas cada vez mais presentes nas salas de aula brasileiras. Nos últimos anos, crianças e adolescentes têm aprendido sobre o aquecimento global, a poluição e a importância de preservar o meio ambiente. No entanto, quando o assunto são as alternativas energéticas, especialmente os biocombustíveis, o conteúdo não costuma ir além do básico.

O biodiesel, por exemplo, ainda é pouco abordado nos currículos, apesar de seu papel estratégico na matriz energética brasileira e do impacto direto que gera na inclusão social e na valorização da agricultura familiar. Sem esse aprofundamento, perde-se a chance de conectar ciência, tecnologia, meio ambiente e realidade local.

Reconhecendo essa lacuna, algumas escolas e instituições de ensino vêm investindo em projetos educativos que aproximam os alunos da prática e do futuro. Um bom exemplo vem da Escola Casa da Infância (Salvador/BA), onde foi instalado um ponto de coleta de óleo de cozinha usado, como parte do programa Óleo e Vida, promovido pela Binatural.

“Aqui, na escola, valorizamos muito a vida cotidiana e tudo aquilo que acontece no nosso entorno. Luciana Leite, mãe de duas crianças da Casa, trabalha como coordenadora de sustentabilidade na Binatural e nos trouxe materiais diversos que foram lidos, estudados e pesquisados. De imediato, as crianças decidiram fazer uma mobilização com os vizinhos e moradores locais para coletar materiais, como óleo de cozinha, que servem para produzir o biodiesel”, conta Marília Dourado, diretora da Casa da Infância.

“Daniel, uma criança de 10 anos, fascinado com os carros abastecidos com biocombustível fez uma mobilização no seu condomínio e o engajamento cresceu. Cartazes e folhetos foram espalhados pela escola e os óleos limpos e coados começaram a chegar para o descarte correto. As crianças são indivíduos de direitos comprometidos com um planeta saudável, limpo e sustentável”, complementa a educadora.

Da educação básica à pesquisa aplicada

Além das escolas, universidades e centros de pesquisa também têm ampliado sua atuação no tema. Projetos de extensão desenvolvidos em parceria com o setor privado têm aproximado estudantes, professores e pesquisadores dos desafios reais da produção de energia renovável no Brasil.

A Binatural, por exemplo, tem fortalecido conexões com instituições de ensino superior no Nordeste, promovendo visitas técnicas à sua unidade e oferecendo apoio à pesquisa aplicada. “Queremos que mais estudantes conheçam a cadeia do biodiesel desde a origem. Isso muda a percepção deles sobre o que significa energia renovável, inclusão e inovação”, afirma André Lavor, CEO da empresa.

Apesar das boas práticas, ainda há um longo caminho para que os biocombustíveis ganhem espaço real e contínuo no ambiente educacional. O tema envolve ciência, agricultura, economia circular e cidadania, com potencial para ser um instrumento de formação crítica e de valorização do território onde as escolas estão inseridas.

A educação sobre energias renováveis não deve ser um conteúdo isolado, mas uma jornada transversal e vivencial, capaz de preparar as novas gerações para os desafios e oportunidades da transição energética justa.

Levar o biodiesel para a sala de aula é investir em conhecimento com raízes e propósito. É plantar sementes para um futuro mais limpo, consciente e inclusivo.

Trabalho digno e desenvolvimento regional: o lado social do biodiesel que poucos veem

Com apoio à agricultura familiar, o processo de produção do biodiesel fortalece a inclusão produtiva de mulheres, impulsiona renda no campo e contribui para a agenda global de trabalho.

Em um setor frequentemente destacado por seus avanços ambientais, os impactos sociais da cadeia produtiva do biodiesel ainda são pouco explorados. No entanto, nas regiões afastadas dos grandes centros urbanos, esse protagonismo ganha novas cores, sobretudo, quando se trata da inclusão produtiva de mulheres, do estímulo à agricultura familiar e da geração de renda sustentável em territórios historicamente negligenciados.

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), diretriz do Selo Biocombustível Social, é uma das iniciativas que garantem que uma parte significativa da matéria-prima destinada à produção de biodiesel venha de agricultores familiares. Parte dessa iniciativa, a Binatural beneficia diretamente mais de 25 mil famílias em diversas regiões do país — número que tende a crescer com o avanço da mistura obrigatória de biodiesel.

Essas parcerias têm impacto concreto: promovem qualificação técnica, acesso ao crédito, sucessão rural e segurança alimentar, além de contribuir para manter os jovens no campo e valorizar o conhecimento tradicional. “Estamos falando de um dos maiores programas de distribuição de renda rural do mundo. A produção de biodiesel é uma alavanca de desenvolvimento social”, afirma André Lavor, CEO e cofundador da Binatural.

O protagonismo das mulheres no campo

Um exemplo notável vem de Valença, no Baixo Sul da Bahia, onde a Cooperativa Feminina da Agricultura Familiar e Economia Solidária (COOMAFES) reúne mais de 100 mulheres que romperam ciclos de invisibilidade e dependência econômica. Com apoio da Binatural, elas comercializam diretamente seus produtos e ampliam sua autonomia financeira.

“O que antes era um trabalho invisível, agora é motivo de orgulho”, conta Maria Joselita Santos, a Branca, uma das lideranças da cooperativa. Na feira local, as mulheres vendem, trocam sementes, compartilham saberes e criam laços. “É muito mais que um mercado. É um espaço de emancipação”, diz.

Casos como o de Francildes dos Santos Souza, que encontrou na cooperativa uma saída para uma relação abusiva e se reergueu financeiramente, mostram o poder transformador do cooperativismo aliado ao compromisso social empresarial. Já Larissa dos Santos de Jesus, agricultora e filha de produtores rurais, vê na agricultura familiar não apenas um meio de vida, mas uma herança de cuidado com a terra e com a comunidade.

Impacto que vai além da porteira

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que 80% dos alimentos consumidos no mundo vêm da agricultura familiar, enquanto no Brasil ela responde por 35% do PIB agropecuário. No entanto, apenas 19% dos estabelecimentos rurais são chefiados por mulheres, segundo o Censo Agro do IBGE, o que evidencia a urgência de políticas e iniciativas voltadas à equidade de gênero no campo.

Além de comprar acima do mínimo exigido pelo Selo Biocombustível Social, a Binatural oferece assistência técnica qualificada, por meio de cooperativas que contam com agrônomos e técnicos habilitados. “A ausência de assistência é um dos principais entraves da agricultura familiar. Por isso, apoiamos a presença ativa desses profissionais nas áreas assistidas”, afirma Lavor.

Em regiões de difícil acesso, como o interior do Pará e Amapá, o apoio da empresa vai além da produção: a ambulancha, veículo adaptado para navegação fluvial, oferece atendimento emergencial e escoamento de produção, garantindo bem-estar aos trabalhadores.

“Cada litro de biodiesel que produzimos é também um investimento em inclusão e futuro. Nosso papel vai além da redução de emissões: é também gerar impacto positivo nas vidas que constroem essa cadeia com a gente”, conclui Lavor.

Cerrado vivo: como resíduos agrícolas e energia sustentável estão regenerando o coração do Brasil

Uso da casca de baru no processo de produção do biodiesel reforça a economia circular, valoriza a agricultura familiar e aponta caminhos para a preservação do bioma mais estratégico da América do Sul.

À primeira vista, a casca da castanha de baru — fruta nativa do Cerrado — poderia parecer um simples resíduo. Mas, nas mãos de quem enxerga a sustentabilidade como valor estratégico, ela se transforma em solução energética, vetor de inclusão social e símbolo de inovação regenerativa. É exatamente isso que a Binatural tem feito com sua mais nova iniciativa no Cerrado goiano: incorporar resíduos agrícolas ao ciclo produtivo do biodiesel.

O projeto, pioneiro no país, utiliza a casca do baru como biomassa no aquecimento das caldeiras da planta industrial da empresa em Formosa (GO). Além de reduzir a dependência de lenha e evitar o descarte inadequado de resíduos, a iniciativa se alinha a uma lógica de economia circular, com impactos positivos na matriz energética, na conservação ambiental e na geração de renda para agricultores familiares.

Segundo André Lavor, CEO e cofundador da Binatural, “a escolha por usar a casca do baru é, ao mesmo tempo, técnica e simbólica: trata-se de uma matéria-prima renovável, abundante e que representa o potencial do Cerrado em oferecer soluções sustentáveis para o país”.

O Cerrado é responsável por mais de 60% da produção de grãos do Brasil, abriga 5% da biodiversidade do planeta e é berço das principais nascentes hidrográficas da América do Sul. De acordo com o Fórum Econômico Mundial (WEF, da sigla em inglês), a produção sustentável no Cerrado pode agregar até R$ 412 bilhões/ano ao PIB brasileiro até 2030, sendo R$ 108 bilhões diretamente ligados ao setor de bioenergia e energias renováveis.

Esses ganhos só serão possíveis com o avanço de práticas como a intensificação sustentável da agricultura, a recuperação de áreas degradadas e o uso inteligente de resíduos já disponíveis, exatamente como propõe a estratégia da Binatural.

Da floresta para a caldeira: um ciclo regenerativo

O projeto com a casca de baru faz parte de uma política mais ampla da empresa à valorização de insumos locais e fortalecimento da agricultura familiar. Mais de 25 mil famílias são impactadas por programas de fomento, assistência técnica e inclusão produtiva promovidos pela Binatural.

A substituição de parte da lenha por biomassa residual também tem impactos significativos sobre a pegada de carbono da operação. Com poder calorífico superior ao da madeira e menor custo logístico, a casca do baru contribui para reduzir as emissões indiretas da produção de biodiesel — que já é, por si só, uma alternativa 90% menos poluente que o diesel fóssil.

A experiência da Binatural no Cerrado é um exemplo concreto de como empresas do setor de energia renovável podem exercer um papel de liderança na transformação socioambiental do território. Ao integrar resíduos agrícolas à matriz energética, valorizar saberes tradicionais e colaborar para a regeneração de biomas, a empresa aponta um novo caminho para o setor: o da produção com propósito, eficiência com equidade e impacto com regeneração.

“Quando falamos em futuro do biodiesel, não estamos falando só de combustível, mas de como queremos mover a economia, a sociedade e o planeta. E isso começa com escolhas locais, práticas e responsáveis”, conclui André Lavor.

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