O Brasil na liderança da transição energética: Como o B15 impulsiona a indústria, o campo e o clima

Informativos 20 de agosto de 2025

O Brasil na liderança da transição energética: Como o B15 impulsiona a indústria, o campo e o clima

A confirmação do B15 – a obrigatoriedade da mistura de 15% de biodiesel ao diesel fóssil no Brasil – marca uma inflexão na política energética nacional. Longe de ser apenas um ajuste técnico, o avanço da mistura sinaliza um compromisso mais profundo: inserir o país, de forma soberana, na nova geopolítica da energia, onde a descarbonização é moeda e a rastreabilidade, condição.

Em um mundo onde a segurança energética se entrelaça à segurança alimentar e climática, apostar no biodiesel é mais do que substituir uma fonte fóssil. É fortalecer cadeias produtivas locais, redistribuir valor, gerar emprego no interior e afirmar a vocação energética do Brasil em bases regenerativas. É também dar respostas concretas à pergunta que virá da comunidade internacional na COP30, em Belém: o Brasil será protagonista ou apenas fornecedor de commodities verdes?

A trajetória do biodiesel no Brasil mostra que o setor está pronto para ser parte da solução. Temos escala, know-how, base industrial consolidada e capacidade técnica para ampliar a mistura até  25%, como já indicado por entidades especializadas como Abiove e Ubrabio. A indústria opera hoje com capacidade instalada superior a 15 bilhões de litros por ano. E, ao contrário de soluções ainda em desenvolvimento, como os combustíveis sintéticos, o biodiesel está disponível agora, com resultados mensuráveis e impactos locais.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o aumento de 1% na mistura  deve gerar investimentos de R$ 5,2 bilhões em novas usinas e esmagadoras de soja, criar mais de 4 mil empregos, entre diretos e indiretos e promover um aumento de massa salarial de R$ 17 milhões. Além disso, mais de 5 mil novas famílias de agricultores devem ser beneficiadas no programa Selo Biocombustível Social, com um aumento de renda estimado em R$ 600 milhões. O governo também espera uma redução de 1,2 milhão de toneladas de CO² emitidas por ano.

A expectativa é que a expansão da mistura, até o B25, gere mais de R$ 52 bilhões em investimentos, reduza as importações de diesel fóssil em cerca de US$ 10,5 bilhões, e beneficie mais de 1,5 milhão de trabalhadores, com impacto direto sobre 540 mil agricultores familiares — muitos deles mulheres, jovens e populações rurais tradicionalmente excluídas das grandes cadeias de valor.

É nesse ponto que o biodiesel se diferencia de outras rotas energéticas: sua capacidade de combinar transição energética com transição social. O Selo Biocombustível Social, criado pelo governo federal como critério de inclusão produtiva, tem permitido que empresas como a Binatural estabeleçam parcerias com mais de 25 mil famílias agricultoras em diferentes biomas.

Mas a maturidade do setor exige também enfrentamento de temas sensíveis. O avanço do B15 pode e deve ser incluído nas estratégias de precificação de externalidades do setor de transportes, ajudando o Brasil a construir uma política nacional robusta de descarbonização, conectada às suas metas de NDCs e às oportunidades de uma economia de baixo carbono com rastreabilidade climática.

Há ainda o potencial de articulação com o setor de transporte e mobilidade urbana. Os testes de frotas com B100 — biodiesel puro — como os já realizados em parceria com empresas de logística, apontam para soluções viáveis de descarbonização em rotas comerciais e centros urbanos. Isso se conecta ao debate sobre zonas de baixas emissões, aos planos de descarbonização de frotas públicas e à meta de neutralidade climática até 2050.

Contudo, nenhum desses caminhos será viável sem previsibilidade regulatória. O histórico recente de idas e vindas na política do biodiesel comprometeu investimentos, travou a instalação de novas unidades e gerou instabilidade em uma cadeia que já demonstrou resiliência e capacidade de entrega. O anúncio do B15, embora positivo, precisa vir acompanhado de um cronograma transparente, pactuado com os atores da cadeia e respaldado por dados técnicos, não por agendas momentâneas.

O Brasil que pode liderar a transição energética no Sul Global precisa ir além do discurso. É preciso valorizar o que o país tem de melhor: produção agrícola sustentável, tecnologia tropical, indústria nacional ativa e conhecimento científico aplicado. O biodiesel está no centro desse modelo, e sua expansão não deve ser vista como ponto final, mas como ponto de partida.

O Brasil tem tudo para ser líder global em bioenergia e o B15 é o combustível que nos coloca nessa direção.

Próximo Biodiesel ganha protagonismo na economia e no cotidiano dos brasileiros
Loading...
pt_BR