Dia B – Dia Internacional do Biodiesel

Informativos 12 de agosto de 2024

Dia B – Dia Internacional do Biodiesel

Por André Lavor
Co-fundador da Binatural, especialista na produção de biodiesel.

Em 10 de agosto, comemora-se o Dia Internacional do Biodiesel, uma alusão ao histórico desta data importante. Em 1893, Rudolf Diesel, engenheiro mecânico, apresentava à sociedade um motor movido a partir de um biocombustível desenvolvido com óleo de amendoim. Já naquela época, esta era uma prova de que era possível substituir os complexos e custosos sistemas mecânicos a vapor utilizados em navios e locomotivas por um produto muito mais econômico. Além de homenagear o inventor, a data marca a importância do biodiesel no mundo.

No Brasil, em 2005, acompanhamos a criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) que instituiu o acréscimo do biodiesel ao combustível de origem fóssil. Um ano depois, iniciávamos nossa jornada no setor como um dos pioneiros na produção de biodiesel com a construção da primeira usina do estado de Goiás.

Desde então, o setor tem apresentado um crescimento exponencial e conquistado cada vez mais espaço, impulsionado pelas suas externalidades positivas nos âmbitos sociais, ambientais e econômicos.

Para cada real investido na produção de biodiesel, são gerados R$ 4,4 adicionais na economia brasileira. Atualmente, a cadeia da soja e biodiesel ocupa cerca de 2,3 milhões de pessoas. Soma-se a isso o fato de que os empregos gerados nas usinas de biodiesel têm remuneração 16% superior à média salarial dos empregos na agroindústria. Sem contar que especificamente o setor do biodiesel gera renda para mais de 300 mil agricultores familiares, com o Selo Biocombustível Social sendo o maior programa de distribuição de renda do país. Este programa incentiva a manutenção da juventude no campo, a sucessão de terras, o desenvolvimento de novas tecnologias, a geração de crédito e a melhoria de vida das famílias, além de promover a segurança alimentar no país.

O biodiesel se destaca como uma solução energética sustentável, crucial para reduzir a poluição atmosférica em 80% comparado com os combustíveis fósseis tradicionais. Essa característica é vital para diminuir as emissões de gases prejudiciais que contribuem para o aquecimento global e problemas respiratórios nas áreas urbanas. A Organização Mundial da Saúde atribui cerca de 50 mil mortes anuais no Brasil à poluição, ressaltando o impacto positivo do biodiesel na mitigação de doenças cardiovasculares e respiratórias, como isquemia e câncer de pulmão, melhorando significativamente a saúde pública.

Além disso, a produção de biodiesel conta com matérias-primas alternativas, como o óleo de cozinha usado (UCO), o que exemplifica a prática de economia circular, transformando resíduos em recursos valiosos. Anualmente, aproximadamente 150 milhões de litros de UCO são convertidos em biodiesel, evitando a contaminação de cerca de 3,8 trilhões de litros de água limpa. Este processo não só previne a poluição hídrica, mas também reduz a disposição inadequada de óleo, que pode levar a problemas ambientais graves. Estamos falando da gestão sustentável de recursos, pois o fato é que temos resíduos abundantes que, por meio de tecnologia avançada, transformam-se em insumos na produção deste biocombustível.

Outra importante matéria-prima é a gordura animal. Anualmente, cerca de 600 mil toneladas de gorduras animais, que em outros tempos foram destinadas a aterros sanitários, são transformadas em biodiesel. Esse processo não só evita o acúmulo de resíduos nos aterros, mas também reduz a emissão de metano, um potente gás de efeito estufa, proveniente da decomposição desses materiais.

A produção de biodiesel no Brasil demonstra um impacto econômico significativo na redução das importações , melhorando a balança comercial. Atualmente, o Brasil importa cerca de 25% do diesel que consome, mas com a expansão do biodiesel, observa-se uma diminuição na necessidade de importação, reforçando a produção nacional. 

O biodiesel torna a comida mais barata, pois está ligada diretamente a um maior esmagamento de soja, o que eleva a disponibilidade de farelo para ração animal, consequentemente reduzindo o custo final dos alimentos. Esse fator é crucial em um contexto global onde a segurança alimentar se torna cada vez mais prioritária.

Com uma capacidade produtiva anual de 15 bilhões de litros, o setor está pronto para fortalecer a independência energética do país, como também contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico sustentável.

Neste momento, a busca pela previsibilidade regulatória do PL 4516/2023, conhecida como “Combustível do Futuro”, traz consigo, principalmente, a segurança jurídica esperada pelo Brasil para ampliar os investimentos. O projeto de lei em tramitação atualmente no Senado estabelece diretrizes nacionais para o incentivo à produção e ao uso de biocombustíveis com o objetivo de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e cortar emissões de gases de efeito estufa do transporte. Dentre outras estratégias propostas, prevê aumento da mistura de 1% ao ano até chegarmos a 25% de mistura (B25) em 2035.

Com a aprovação da PL, estima-se que na próxima década haja investimentos de cerca de R$ 52,5 bilhões no setor com a incorporação ao PIB de mais R$ 412 bilhões. A redução das importações com o B25 deverá proporcionar uma economia de US$ 10,5 bilhões na balança comercial e a geração de empregos alcançará mais de 1,5 milhão de novas vagas e mais de 540 mil agricultores rurais serão beneficiados. Os dados são da Abiove, entidade que nos representa no setor.

Atualmente, muitas empresas adotam por conta própria a adição de biodiesel puro, conhecido como B100, em suas operações. Essas iniciativas voluntárias são comuns em casos de empresas e suas subsidiárias que utilizam o B100 para transporte rodoviário, marítimo ou em geradores de energia, como parte de seus esforços para cumprir compromissos de descarbonização. Isso significa que estão ativamente buscando reduzir suas emissões de carbono para minimizar o impacto ambiental de suas operações.

Essa estratégia de usar B100 foi reconhecida e aprovada pela Science Based Targets Initiative (SBTi), uma das principais organizações de padrões de sustentabilidade do mundo. A SBTi fornece uma estrutura rigorosa para as empresas estabelecerem metas científicas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Esse reconhecimento coloca o B100 como uma opção eficaz e viável para ajudar as empresas a alcançarem metas ambiciosas de sustentabilidade e jogar um papel ativo na luta contra as mudanças climáticas. A adoção do B100 por essas empresas não só ajuda a reduzir a dependência de combustíveis fósseis, mas também fortalece suas credenciais ecológicas no mercado global.

Na Binatural, fomos os pioneiros no uso do biodiesel em nosso sistema de geradores na unidade industrial localizada em Simões Filho, em parceria com a Volvo Penta.

De acordo com o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU |2023), cerca de 79% das emissões globais advêm dos setores de energia, indústria e transporte, portanto, a transição para modais de emissão neutra é fundamental em direção a um futuro de fato sustentável. 

Iniciativas de uso puro ou misturas superiores ao exigido pelo órgão regulador, vão além de mercadológicas e perpassam pela nossa própria existência futura, compondo um pacote de melhorias necessárias para que ocorra a descarbonização.

A transição energética é um processo crucial para a sustentabilidade, e o biodiesel aparece como protagonista, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a diversificação da matriz energética nacional, além das diversas externalidades positivas que o acompanham.

Num momento em que se discutem alternativas de fontes renováveis para a transformação da matriz energética, o biodiesel destaca-se como uma solução consolidada graças aos investimentos do setor em tecnologia ao longo dos anos, qualidade do produto e novas aplicações.

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