Empresa prevê ampliar a capacidade produtiva de atuais 600 milhões de litros de biodiesel por ano para 700 milhões de litros
Após investir R$ 147 milhões nos últimos três anos para ampliar a capacidade produtiva em Goiás e na Bahia, a fabricante brasileira de biocombustíveis Binatural planeja um novo ciclo de aportes. A empresa vai investir R$ 100 milhões nos próximos três anos para ampliar a capacidade produtiva de atuais 600 milhões de litros de biodiesel por ano para 700 milhões de litros.
Os investimentos devem ser concentrados na ampliação da unidade industrial de Formosa (GO), atualmente com capacidade de 240 milhões de litros por ano. André Lavor, CEO e sócio da Binatural, disse, sem citar números, que a ampliação será feita com recursos próprios e de terceiros.
“Crescemos mais de 170% nos últimos anos, principalmente com a planta da Bahia. O plano para os próximos dois a três anos é atingir ocupação máxima da planta da Bahia, enquanto a unidade de Goiás é ampliada”, afirmou Lavor. A planta industrial implantada em Simões Filho (BA) tem capacidade para produzir 360 milhões de litros de biodiesel por ano e começou a operar em 2022.
A produção da Binatural prevista para este ano é de 420 milhões de litros de biodiesel, o que representa uma ociosidade das unidades industriais da ordem de 30% — abaixo da média do mercado, que é de 50%. Lavor estima que a produção da companhia crescerá de 20% a 30% ao ano nos próximos três anos, o que exigirá a ampliação da capacidade produtiva.
A previsão leva em conta as perspectivas de aumento gradual na mistura obrigatória de biodiesel no diesel e de crescimento da economia, que estimula o maior consumo de diesel no país. A mistura de biodiesel no diesel foi ampliada em março deste ano de 12% para 14%. O governo federal deve determinar elevação do percentual para 15% em março do ano que vem, e aumentos graduais, chegando a 25% até 2035.
Lavor também cita um terceiro fator que impulsiona o mercado, que é a demanda voluntária. “Grandes corporações já estão usando misturas acima de 14% de biodiesel no diesel para cumprir compromissos de descarbonização”, afirma o executivo.
Para este ano, a Binatural prevê atingir receita de R$ 3 bilhões em 2024, com crescimento de 30% em relação ao ano passado.
A Binatural prioriza a diversificação de matérias-primas. Atualmente, a soja representa 40% das matérias-primas usadas pela empresa. O restante é composto por gorduras animais, óleo reciclado, óleo de algodão e de palma e outras gorduras. “A gente entende que a diversificação nos permite melhor rendimento com o ajuste das matérias-primas usadas”, diz o CEO. No mercado brasileiro de biodiesel, 70% da produção é feita com óleo de soja.
A empresa faz parte do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), que promove a inclusão da agricultura familiar na cadeia de produção do biocombustível. A empresa atualmente adquire 10% das matérias-primas que usa de agricultores familiares, envolvendo mais de 25 mil famílias em mil municípios. A meta é ampliar o percentual para 15% no ano que vem. Entre os produtos adquiridos estão açaí, baru e mamona. “O açaí não é usado para biodiesel. A gente compra, garantindo o preço com bonificação para os produtores parceiros, e revende o produto”, afirma Lavor.
Por Cibelle Bouças — Belo Horizonte